Moradores do bairro Butantã e da Vila Sônia pretendem pedir uma audiência com o secretário estadual de Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, para discutir o projeto de duplicação de trecho de 20 quilômetros da Rodovia Raposo Tavares entre São Paulo e Cotia e a instalação de um monotrilho sobre o canteiro central.
Membro da diretoria do Movimento Defenda São Paulo e do Conselho Gestor do Parque Previdência, Sérgio Reze Junior, ficou perplexo ao ver a notícia publicada nesta quarta-feira (7) sobre a duplicação da Raposo Tavares. O projeto, proposto pela CCR, concessionária que administra a rodovia, deve custar R$ 1,5 bilhão e estaria em análise pela Agência Reguladora de Transportes (Artesp).
– Como um projeto dessa magnitude vem a público sem que a população do entorno seja consultada?
Ros Mari Zenha, conselheira da Macrorregião Oeste (Butantã, Lapa e Pinheiros) do Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) órgão da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, avalia que o projeto está completamente desconectado da realidade da região. De acordo com ela, em nenhum momento a proposta foi apresentada aos moradores.
– Estamos exatamente no momento de avaliação e discussão da Operação Urbana Vila Sônia, e ficamos surpresos com a notícia sobre esse projeto.
Ela pretende pretende cobrar esclarecimentos do secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem.
O projeto prevê a cobrança de pedágio para uso da Raposo Tavares, que passaria a ter seis pistas em cada lado da rodovia. Para bancar as obras, a CCR propõe a ampliação em dez anos do prazo de concessão da estrada, que deve terminar em 2023. Segundo Junior, o trecho da Raposo Tavares está urbanizado e já funciona praticamente como uma avenida da cidade.
– Como as residências e áreas comerciais da região serão desapropriadas? Isso me parece uma insanidade.
Ros Mari lembrou ainda que a proposta tomaria grande parte do parque Previdência.
– Este projeto me parece que possui uma visão muito equivocada sobre o planejamento da nossa cidade.
Para Junior, a proposta privilegia o transporte individual, em detrimento do público.
– Que tipo de estímulo as pessoas teriam para usar o transporte público com seis pistas de cada lado da rodovia? Qualquer projeto na região deveria privilegiar o pedestre, e não o carro. A implantação de corredores de ônibus na rodovia seria uma intervenção muito mais barata e rápida.
Procurada, a Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) negou ter recebido qualquer estudo da CCR sobre a duplicação da Raposo Tavares. A Artesp esclareceu ainda que o trecho da rodovia entre São Paulo e Cotia é de responsabilidade do DER (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo) e não da CCR.
Fonte: R7