Campus da USP no Butantã tem pouca luz e “pontos cegos” de segurança

Isolado do resto da cidade por muros e cercas, o campus da USP (Universidade de São Paulo) no guia Butantã, zona oeste de SP, tem predominância de locais mal iluminados e semi-desertos.

Com uma área de mais de 4 milhões de metros quadrados – o equivalente a cerca de mil campos de futebol -, a USP pode ser acessada por três portarias principais, dois portões com horários restritos para entrada de carros e outras cinco entradas exclusivas para pedestres. Por essas entradas, a prefeitura do campus estima que passem, diariamente, cerca de 100 mil pessoas.

Embora o número seja alto, a reportagem do R7 constatou em visita ao local na última sexta-feira (11) que ele é insuficiente para dar um aspecto de bairro povoado ao campus. Com exceção de alguns pontos em que se concentram as passagens de carros e pessoas, a maior parte da área tem aspecto de “cidade fantasma”. A iluminação insuficiente, inclusive nos pontos de ônibus, aumenta a sensação de insegurança.

Em setembro, na esteira da repercussão de um latrocínio – roubo seguido de morte, ocorrido dentro do campus -, a reitoria firmou um convênio com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) que permitiu à Polícia Militar passar a fazer rondas e blitze no campus. A medida, entretanto, desagradou parte dos alunos, que defende a saída da PM e a acusa de fazer revistas indevidas e de reprimir os estudantes.

A detenção de três jovens que, segundo a PM, estavam fumando maconha no estacionamento da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) no dia 27 de outubro, motivou uma onda de protestos que culminou na ocupação da reitoria da USP por cerca de 70 alunos e sua posterior reintegração de posse por um efetivo de 400 homens da PM, que levaram os estudantes à delegacia sob as acusações de depredação de patrimônio público e recusa a cumprir a ordem judicial de deixar o prédio.

Alunos

Para o estudante do curso de Letras da USP Pedro Ribeiro, de 25 anos, a criação de uma guarda comunitária gerida e regulada pela universidade, com uma tropa feminina para questões relacionadas à violência contra a mulher, além de uma integração maior da Cidade Universitária ao restante da capital, seriam a solução para o problema da segurança no campus.



– É preciso pensar na integração da universidade com a comunidade, com menos muros. Tornar o espaço mais movimentado. A USP é muito erma. Não tem uma forma fácil de se resolver.

Ele é contra a presença da PM no campus, por considerá-la “uma violência contra o pensamento livre”.

– Não queremos tratamento especial, mas achamos que espaço universitário tem que poder se gerir de forma soberana, inclusive garantindo sua própria segurança. A PM é sinônimo de repressão, não de segurança.

O estudante de História Vinícius Moraes da Cunha, de 21 anos, concorda.

– Sou contra a presença da PM no campus, porque a PM não é sinônimo de segurança. Para garantir que não haja furtos, assaltos, violência contra a mulher é necessário planejamento. Segredo é o local ter vida. É preciso se planejar para convencer a maioria dos estudantes que militarizar não é a solução.

Já o aluno de Ciências Contábeis Marcus Alves, de 23 anos, acha a “presença da polícia fundamental”.

– O “moleque” [vítima de latrocínio] foi morto no estacionamento. Somem coisas das salas, bolsas, calculadoras. O ladrão vem aqui armado e a Guarda Universitária não usa arma. Há relato de guarda que escutou o tiro [do aluno que morreu] e se escondeu. E ele estava certo, tinha que se esconder mesmo. Aqui na USP tem bandido normal, tem que ter polícia normal.

Ele discorda dos alunos que dizem que a polícia está no campus para reprimir os estudantes.

– Aqui [na FEA policiais] nunca entraram, nunca passaram na sala. Eles fazem só ronda e blitz. Polícia nunca reprimiu ninguém.

Durante a ocupação da reitoria da USP, a diretoria da universidade se comprometeu com os estudantes a discutir o convênio firmado com a PM. Em audiência, eles chegaram a afirmar que a comissão mista – formada por representantes dos estudantes, dos funcionários e da reitoria – passaria a decidir sobre os termos do convênio.

Fonte: R7



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